Pergunto-me, muitas vezes, até que ponto podem reconhecer-se o homem e o animal que não fala.
Por que primitivo paraíso, na manhã longínqua da criação, teria passado o caminho em que os seus corações se encontraram?
Embora tenha ficado esquecido por muito tempo o seu parentesco, não se apagaram os traços da sua constante união.
E é de repente que, numa harmonia silenciosa, surge uma saudade confusa: e o animal olha com uma confiança enternecida o rosto do homem, e o homem baixa sobre o animal os olhos cheios de uma ternura risonha.
Parece que os dois amigos encontram-se mascarados e se reconhecem vagamente sob o seu disfarce.
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TAGORE, Rabindranath. O jardineiro. [trad. Guilherme de Almeida]. Rio de Janeiro: José Olympio, 1943. p. 119.
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