23 de dezembro de 2009

Quem


Quem um dia dançou os pés de outro?
Todos os que dançam, todos
Apenas dançam os próprios pés.
Quem pensa na imortalidade do outro
E durante seu próprio sonho
Sonha com o sonho do outro?
Quem, no nascimento do menino humilde,
Pede sua coroação pelos reis?
Quem manda violetas ao pobre encarcerado?
Quem se sente poeta pelo que o não é?


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MENDES, Murilo. Melhores poemas. São Paulo: Global, 1997.

9 de dezembro de 2009

Seul

      Tout notre mal vient de ne pouvoir être seuls: de là le jeu, le luxe, la dissipation, le vin, les femmes, l'ignorance, la médisance, l'envie, l'oubli de soi-même et de Dieu.


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BRUYÈRE, Jean de La.

8 de dezembro de 2009

Looking forward


When I am grown to man's state
I shall be very proud and great,
And tell the other girls and boys
Not to meddle with my toys.


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STEVENSON, Robert L. A child's garden of verses. London: Penguin, 1994. p. 18.

3 de dezembro de 2009

This be the verse


They fuck you up, your mom and dad.
  They may not mean to, but they do.
They fill you with the faults they had
  And add some extra, just for you.

But they were fucked up in their turn
  By fools in old-style hats and coats,
Who half the time were soppy-stern
  And half at one another's throats.

Man hands on misery to man.
  It deepens like a coastal shelf.
Get out as early as you can,
  And don't have any kids yourself.


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LARKIN, Philip. Collected poems. New York: Noonday Press, 1993. p. 180.