Mostrando postagens com marcador Albert Camus. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Albert Camus. Mostrar todas as postagens

21 de julho de 2015

CAMUS, Albert. Esperança do mundo: cadernos (1935-37). Tradução de Rafael Araújo & Samara Geske. São Paulo: Hedra, 2014. p. 56.

AGOSTO DE 37 - Sempre que escuto um discurso político ou que leio aqueles dos que nos governam, fico impressionado com o fato de, depois de anos, não ouvir nada que traduza um som humano. São sempre as mesmas palavras que dizem as mesmas mentiras. E que os homens se acomodem, que a raiva do povo ainda não tenha derrubado os marionetes [sic], eu vejo nisso a prova de que os homens não dão nenhuma importância ao seu governo e que eles brincam, sim, realmente brincam com uma parte de suas vidas e de seus interesses supostamente vitais.

CAMUS, Albert. Esperança do mundo: cadernos (1935-37). Tradução de Rafael Araújo & Samara Geske. São Paulo: Hedra, 2014. p. 51.

JULHO DE 37 - O aventureiro. Tem o sentimento claro que não há mais nada a fazer em arte. Nada de grande ou novo é possível - ao menos nessa cultura do Ocidente. Só resta a ação. Mas quem tem uma grande alma só parte para a ação com desespero.

24 de março de 2014

CAMUS, Albert. O mito de Sísifo. Tradução de Ari Roitman & Paulina Watch. Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 92.

O ator reina no perecível. Todos sabem que, de todas as glórias, a dele é a mais efêmera. Pelo menos é o que se diz. Mas todas as glórias são efêmeras. Do ponto de vista de Sirius, dentro de dez mil anos as obras de Goethe terão se transformado em pó e seu nome estará esquecido. Talvez alguns arqueólogos busquem "testemunhos" da nossa época. Tal ideia sempre foi instrutiva. Bem meditada, reduz nossas agitações à nobreza profunda que encontramos na indiferença. Atrai, sobretudo, nossas preocupações para o mais certo, quer dizer, para o imediato. De todas as glórias, a menos enganosa é a que se vive.

3 de fevereiro de 2013

CAMUS, Albert. O mito de Sísifo. Tradução de Ari Roitman & Paulina Watch. Rio de Janeiro: Record, 2010. p. 21.

No apego de um homem à sua vida há algo mais forte que todas as misérias do mundo.

11 de junho de 2010

CAMUS, Albert. O homem revoltado. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 25.

Que é um homem revoltado? Um homem que diz não. Mas, se ele recusa, não renuncia: é também um homem que diz sim, desde o seu primeiro movimento. [...] De certa maneira, ele contrapõe à ordem que o oprime uma espécie de direito a não ser oprimido além daquilo que pode admitir.

CAMUS, Albert. O homem revoltado. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 299.

A contradição é a seguinte: o homem recusa o mundo como ele é, sem desejar fugir dele. Na verdade, os homens agarram-se ao mundo e, em sua imensa maioria, não querem deixá-lo. Longe de desejar realmente esquecê-lo, eles sofrem, ao contrário, por não possuí-lo suficientemente, estranhos cidadãos do mundo, exilados em sua própria pátria. A não ser nos instantes fulgurantes da plenitude, toda realidade é para eles incompleta.