27 de julho de 2010

Natal


Nasce um deus. Outros morrem. A verdade
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
E era sempre melhor o que passou.

Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.
Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
Um novo deus é só uma palavra.
Não procures nem creias: tudo é oculto.


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PESSOA, Fernando. Poesia (1918-1930). São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 198.

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