20 de novembro de 2024

CIORAN, Emil. Silogismos da amargura. Rio de Janeiro: Rocco, 1991. p. 81.

No pavor, somos vítimas de uma agressão do futuro.

CIORAN, Emil. Silogismos da amargura. Rio de Janeiro: Rocco, 1991. p. 93.

Quanto mais convivemos com os homens, mais nossos pensamentos se obscurecem; e quando, para aclará-los, voltamos à nossa solidão, encontramos nela a sombra que eles projetaram.

CIORAN, Emil. Silogismos da amargura. Rio de Janeiro: Rocco, 1991. p. 87.

Cada dia é um Rubicão no qual aspiro a afogar-me.

CIORAN, Emil. Silogismos da amargura. Rio de Janeiro: Rocco, 1991. p. 89.

Nos empenhamos em abolir a realidade por medo de sofrer. Coroados nossos esforços, é a própria abolição que se revela fonte de sofrimentos.

CIORAN, Emil. Silogismos da amargura. Rio de Janeiro: Rocco, 1991. p. 80.

O ceticismo derrama demasiado tarde suas bençãos sobre nós, sobre nossos rostos deteriorados pelas convicções, nossos rostos de hienas com um ideal.

CIORAN, Emil. Silogismos da amargura. Rio de Janeiro: Rocco, 1991. p. 81.

Quando a ralé adota um mito, conte com um massacre ou, pior ainda, com uma nova religião.

19 de novembro de 2024

CIORAN, Emil. Silogismos da amargura. Rio de Janeiro: Rocco, 1991. p. 65.

Toda crença nos torna insolentes; recém-adquirida, aviva nossos maus instintos; os que não a partilham consideramos fracassados e incapazes, merecedores apenas de nossa piedade e desprezo.

Observe o neófito em política e sobretudo em religião, todos aqueles que conseguiram misturar Deus a suas tramoias, os convertidos, os novos-ricos do Absoluto. Compare sua impertinência com a modéstia e as boas maneiras dos que estão perdendo a fé e as convicções...

CIORAN, Emil. Silogismos da amargura. Rio de Janeiro: Rocco, 1991. pp. 64-5.

De tudo o que os teólogos conceberam, as únicas páginas legíveis, as únicas palavras verdadeiras, são as dedicadas ao Diabo. Como seu tom muda, como sua eloquência se inflama quando dão as costas à Luz para se consagrar às Trevas! Dir-se-ia que voltam a seu elemento, que o descobrem de novo. Finalmente podem odiar, finalmente lhes é permitido; acabou-se o ronrom sublime ou a salmodia edificante. O ódio pode ser vil; extirpá-lo, no entanto, é mais perigoso que abusar dele. A Igreja, sabiamente, poupou aos seus tais riscos; para que possam satisfazer seus instintos, ela os excita contra o Demônio; eles se agarram a ele e o roem: felizmente é um osso inesgotável... Se lhes fosse tirado, sucumbiriam ao vício ou à apatia.

31 de outubro de 2024

CIORAN, Emil. The trouble with being born. [trad: Richard Howard]. [sc]: Penguin, 2020. p. 5. e-book.

I am for the most part so convinced that everything is lacking in basis, consequence, justification, that if someone dared to contradict me, even the man I most admire, he would seem to me a charlatan or a fool.

HERRON, Mick. The secret hours. London: Baskerville, 2023. pp. 303-4. e-book.

It becomes quiet when she stops talking. The rain still falls, so the windows are noisy; there is traffic at the far end of the road, but these sounds simply nibble at the edges: the witness’s story is the only thing happening. So when she stops talking, the quiet takes over, and settles on all three like ash from a distant bonfire.