Súbito pássaro
dentro dos muros,
caído,
pálido barco
na onda serena
chegado.
Noite sem braços!
Cálido sangue
corrido.
E imensamente
o navegante
mudado.
Seus olhos densos
apenas sabem
ter sido.
Seu lábio leva
um outro nome
mandado.
Súbito pássaro
por altas nuvens
bebido.
Pálido barco
nas flores quietas
quebrado.
Nunca, jamais
e para sempre
perdido
o eco do corpo
no próprio vento
pregado.
______
MEIRELES, Cecília. Metamorfose. In: ______. Poesia completa: volume I. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 321-2.
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