26 de outubro de 2015

Metamorfose

Súbito pássaro
dentro dos muros,
caído,

pálido barco
na onda serena
chegado.

Noite sem braços!
Cálido sangue
corrido.

E imensamente
o navegante
mudado.

Seus olhos densos
apenas sabem
ter sido.

Seu lábio leva
um outro nome
mandado.

Súbito pássaro
por altas nuvens
bebido.

Pálido barco
nas flores quietas
quebrado.

Nunca, jamais
e para sempre
perdido

o eco do corpo
no próprio vento
pregado.

______
MEIRELES, Cecília. Metamorfose. In: ______. Poesia completa: volume I. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 321-2.

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