Há estados e obsessões com que não se pode conviver. Nossa salvação não seria, portanto, confessá-los? Mantidas na consciência, a terrível experiência e a tenebrosa obsessão da morte tornam-se devastadoras. Ao falarmos da morte, salvamos algo de nós mesmos, ao mesmo tempo que no nosso ser algo se extingue, pois os conteúdos objetivados pela consciência perdem sua atualidade. O lirismo representa uma força de dispersão da subjetividade por indicar, no indivíduo, uma efervescência incoercível da vida, que sem cessar exige expressão. Ser lírico significa não podermos permanecer fechados em nós mesmos. Quanto mais interior, profundo e concentrado for o lirismo, mais intensa será essa necessidade de exteriorização.
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