8 de julho de 2016

Entre galos e cigarros, o amor


O amor em sua ilusão
é como o fumo que se queima,
e sabe em seu fogo toda a existência.
Mas, enquanto se esvai,
atribui à boca que o traga
toda permanência.

O amor em sua metafísica
canta como os galos
que sabem alvorecer a manhã,
mas tornam ao sono
na esperança de que o próprio canto
os desperte.


______
MORGADO, Flávio. Entre galos e cigarros, o amor. IN: PORTOCARRERO, Celina (org). Amar, verbo atemporal: 100 poemas de amor. Rio de Janeiro: Rocco, 2012. p. 87.

Nenhum comentário: