12 de fevereiro de 2014
Hino a Deus
1
No fundo dos vales escuros morrem os famintos.
Mas você lhes mostra o pão e os deixa morrer.
Mas você reina eterno e invisível
Radiante e cruel, sobre o plano infinito.
2
Deixou os jovens morrerem, e os que fruíam a vida
Mas os que desejavam morrer, não permitiu...
Muitos daqueles que agora apodrecem
Acreditavam em você, e morreram confiantes.
3
Deixou os pobres pobres, ano após ano
Porque o desejo deles era mais belo que o seu céu
Infelizmente morreram antes que chegasse com a luz
Morreram bem-aventurados, no entanto - e apodreceram
imediatamente.
4
Muitos dizem que você não existe e que é melhor assim.
Mas como pode não existir o que pode assim enganar?
Se tantos vivem de você, e de outro modo não poderiam morrer -
Diga-me, que importância pode ter então que você não exista?
______
BRECHT, Bertolt. Hino a Deus. [trad. Paulo César de Souza]. In: ______. Poemas 1913-1956. São Paulo: Ed. 34, 2006. p. 13.
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