4 de novembro de 2013
COUTO, Mia. Vozes anoitecidas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 17.
O que mais dói na miséria é a ignorância que ela tem de si mesma. Confrontados com a ausência de tudo, os homens abstêm-se do sonho, desarmando-se do desejo de serem outros. Existe no nada essa ilusão de plenitude que faz parar a vida e anoitecer as vozes.
25 de outubro de 2013
RILKE, Rainer Maria. Esboços e fragmentos. [trad. Angela Lago]. São Paulo: Scipione, 2013. p. 19.
Já que tudo passa, se faça
passageira a canção;
se ela acalma a alma,
não nos rouba a razão.
Cantemos o que nos deixa
com arte e com vida;
seja mais breve a queixa
que a rápida partida.
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RILKE, Rainer Maria. Esboços e fragmentos. [trad. Angela Lago]. São Paulo: Scipione, 2013. p. 19.
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9 de outubro de 2013
Dizer de novo
repito: é noite, e tudo é noite, noite
até que o som dissolva na matéria
o significado da miséria
dessa noite, somente minha noite
sem vagos sortilégios, sem estrelas
um tempo em tom menor, cotidiano
em que não há esforços vãos nem planos
inúteis para a vida, embora vê-la
desse modo revele algum desejo
mesmo que de dissolução, de fim
de nada que sustente o pouco peso
dos sonhos de uma noite, minha noite
na vida que eu queria fosse assim
inteiramente noite, dia e noite
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FERREIRA, Antonio Geraldo Figueiredo. Peixe e míngua. São Paulo: Nankin Editorial, 2003. p.32.
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28 de setembro de 2013
Gentil homem bêbado (Carra)
De Baudelaire o conselho:
É preciso estar sempre bêbado.
Além do imaginário e do real
é preciso estar sempre sóbrio
para pintar a bebedeira.
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ANDRADE, Carlos Drummond de. Farewell. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 30.
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26 de setembro de 2013
Ainda sempre é tempo
não fique triste, pai
a vida foi
a vida vai
já deu tempo de seu filho ficar velho
não fique triste, mãe
eu também não fui
e tudo o que fiz cabe nas mãos
sem tristeza, caros antepassados
eu não a tenho, creiam
pois quem morre perde tempo
e eu ainda posso fazer tudo
ou quase tudo
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FERREIRA, Antonio Geraldo Figueiredo. Peixe e míngua. São Paulo: Nankin Editorial, 2003. p.18.
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24 de abril de 2013
Num quadro de Edward Hopper
a vida destrói
um sol
quase esquecido
numa tela
de hopper:
o posto de gasolina
abandonado,
onde um senhor,
talvez o dono,
em seu ócio,
rega a grama
com sua bomba
de petróleo.
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DICK, André. Num quadro de Edward Hopper. IN: COHN, Sergio (org). Poesia.br. Rio de Janeiro: Azougue, 2012. p. 23.
3 de fevereiro de 2013
CAMUS, Albert. O mito de Sísifo. [trad. Ari Roitman & Paulina Watch]. Rio de Janeiro: Record, 2010. p. 21.
No apego de um homem à sua vida há algo mais forte que todas as misérias do mundo.
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