14 de maio de 2010
Uma nuvem de corvos
Chegas ao fim da linha, o vento
Norte despeja sobre o rio
A poeira das casas em ruína.
Aí estás solitária e a praça te abandona
Na encruzilhada, e já não sabes
Mais viver, não sabes recordar.
Tão verde o sabugueiro aquela tarde,
Frescos os montes de terra
Além da cidade, pelo declive
Que de Santa Sabina
Desce à Bocca della Verità.
Ah! transviada (o ano hoje nos colhe
Tão distanciados por estradas diversas)
Caminhas, eu te chamo. Fere as janelas
Obliquamente a chuva.
Afastas o maço dos cabelos
Das orelhas, sacodes
As lembranças perdidas: uma nuvem
De corvos do meu céu
Pousa, quando anoitece, em teu espelho.
(trad: Augusto de Campos)
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SINISGALLI, Leonardo. Uma nuvem de corvos. In: CAMPOS, Augusto de. À margem da margem. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 65.
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2 comentários:
Lindo.
Adoro poesia sempre
Bjins entre sonhos e delírios
Despudorada-Mente Eu
Hoje
na verdade
queria despir-me.(...)Reflexo d'Alma
Adorei o blog,
chegando pra conhecer
volto pra comentar depois com calma.
Se passar no meu canto
vou ficar contente.
Bjins entre sonhos e delírios
Despudorada-Mente Eu
Hoje
na verdade
queria despir-me.(...)Reflexo d'Alma
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