27 de julho de 2010

O pão do meu verso


Meu verso é como o pão do Egito:
a noite passa sobre ele e não podes mais comê-lo.

Devora-o enquanto está fresco,
antes que o recubra a poeira do deserto.

Seu lugar é o clima cálido do coração,
ele não sobrevive ao gelo deste mundo.

É como um peixe na terra seca:
estremece por um instante e logo perece.

Se queres comê-lo e o imaginas fresco,
terás de invocar muitos ídolos.

O que agora bebes é tão somente tua imaginação.
Isto não é uma ilusão, companheiro!


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RUMI, Jalal ud-Din. Poemas místicos - Divan de Shams de Tabriz. São Paulo: Attar, 1996.

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